COMPOSIÇÃO ISOTÓPICA DA PRECIPITAÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM A VARIABILIDADE CLIMÁTICA

Autores

  • Vinícius dos Santos UNESP/IGCE
  • Didier Gastmans UNESP/IGCE

Resumo

Isótopos estáveis de oxigênio e hidrogênio (18O e 2H) constituem excelentes traçadores da movimentação da água ao longo do ciclo hidrológico, sendo utilizados como ferramentas importantes na compreensão dos controles climáticos sobre a precipitação, o que possibilita sua utilização em estudos de reconstituição paleoclimáticas. As relações existentes entre a composição isotópica da precipitação e alguns parâmetros climáticos, como temperatura e quantidade de precipitação, são muito bem estabelecidos em altas latitudes, entretanto, em áreas tropicais essas relações não são muito claras, e a necessidade de compreensão da ação dos parâmetros climáticos sobre a composição isotópica da precipitação nessas áreas, tem-se intensificado face às mudanças climáticas. Durante os meses de fevereiro/2014 e fevereiro/2015, procedeu-se a coleta de amostras diárias da precipitação na cidade de Rio Claro, com o objetivo de se verificar a composição isotópica da precipitação local e a variação sazonal dos parâmetros climáticos. A composição isotópica da precipitação variou de -18,36‰ a +0,82‰ V-SMOW para o δ18O e -136,0‰ a 23,1‰ V-SMOW para o δ2H. A reta meteórica local (δ2H = 8,06*δ18O+13,36) possui inclinação similar a Reta Meteórica Global, entretanto com valor do excesso de deutério superior, indicando que diferentes fontes de vapor e processos de evaporação atuaram ao longo do deslocamento das massas de ar que originam as precipitações. A avaliação do deslocamento das massas de ar e trajetórias de partícula foi realizada, utilizando-se o modelo HYSPLIT. A análise estatística, por meio da regressão linear múltipla, considerando as razões isotópicas de 2H e 18O como variáveis dependentes, indicou que as variáveis independentes temperatura e precipitação ao longo da trajetória, calculados pelo modelo HYSPLIT, apresentaram coeficiente de correlação múltipla satisfatório, de 0,77. Entretanto, o modelo não obteve uma boa resposta para os valores acentuados. Tendo como base os resultados já adquiridos, o presente projeto de mestrado, pretende melhorar a análise da composição isotópica da precipitação, evoluindo o modelo estatístico, inserindo novos parâmetros de analise, como a identificação dos tipos de chuva (estratiforme e convectiva), através do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM), uma vez que mudanças isotópicas significativas estão associadas aos tipos de formação de chuva, e comparação dos resultados isotópicos obtidos entre as cidades de Rio Claro (SP) e Ourinhos (SP), ampliando a avaliação em áreas tropicais. A combinação do modelo HYSPLIT com o Radar do TRMM fornecerá um melhor detalhamento na compreensão dos processos atmosféricos que afetam essas localidades, principalmente no que se referem à atuação dos sistemas atmosféricos que originam as chuvas no Brasil.

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Publicado

2016-12-23

Como Citar

dos Santos, V., & Gastmans, D. (2016). COMPOSIÇÃO ISOTÓPICA DA PRECIPITAÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM A VARIABILIDADE CLIMÁTICA. Holos Environment. Recuperado de https://www.cea-unesp.org.br/holos/article/view/12173

Edição

Seção

IX ENCONTRO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE