CONTROLE DE DENUDAÇÃO NA MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE BRASILEIRO INFERIDO PELA ANALISE DA CONCENTRAÇÃO DE 10Be PRODUZIDO IN SITU EM SEDIMENTOS DE RIO

Autores

  • Daniel Henrique de Souza UNESP/IGCE
  • Peter Crhistian Hackspacher UNESP/IGCE

Resumo

Reativações pós-rifte no sudeste brasileiro originaram uma topografia caracterizada por duas cadeias de montanhas paralelas a costa (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira) separadas uma da outra por bacias sedimentares terciárias. No Quaternário Superior, entretanto, a ausência de terremotos de magnitude significativa indica relativa estabilidade tectônica. Esta diversidade topográfica em ambiente tectonicamente estável permite algumas avaliações: 1. Verificar se a paisagem encontra se em estado estacionário, com atividade erosional baixa e espacialmente homogenia em toda a região; 2. Avaliar o papel relativo do clima na evolução do relevo, já que a diversidade topográfica tem como conseqüência uma grande variabilidade nas médias anuais de precipitação na região, indo de 2800 mm (costa atlântica) a 1300 mm (continente). Apresentamos aqui novas taxas médias de denudação de bacias hidrográficas utilizando 10Be produzido in situ de 21 amostras de sedimento de rio. As taxas de denudação foram correlacionadas com amplitude de relevo local extraído de imagem SRTM e média anual de precipitação (1977 a 2006). As taxas de denudação variam de 5 m/Ma a 56 m/Ma, e dois padrões podem ser observados: 1. Bacias que drenam escarpas possuem taxas maiores que bacias de planaltos elevados em todos os compartimentos. Isto pode ser verificado por uma correlação positiva entre taxas de denudação e relevo local. 2. A Serra do Mar erode 2-3 vezes mais rápido que a Serra da Mantiqueira. Apesar da amplitude de relevo local (ou a declividade) ser um importante controle de denudação, ele não pode explicar sozinho a mudança de magnitude das taxas. A curva logarítmica da correlação denudação x relevo sugere um limite no qual as taxas de denudação aumentam sem aumento correspondente no relevo da Serra do Mar. Isto é similar a áreas tectonicamente ativas onde o limite de declividade tem sido apontado como o ponto no qual os deslizamentos tornam-se o principal processo erosional. A falta de terremotos e soerguimento rápido são os motivos para as baixas taxas de denudação encontradas na região, porém, eventos extremos de chuvas historicamente ocasionam deslizamentos de terra na Serra do Mar. A correlação entre denudação e precipitação é positiva, mas esta correlação é mais forte e elimina o “limite de declividade” quando relacionamos precipitação e relevo local. Assim, diferentes bacias erodem a diferentes taxas, com a quantidade de precipitação dirigindo a denudação de acordo com determinada topografia (valores de amplitude de relevo e declividade), de maneira que a paisagem não se encontra em estado estacionário, estando a erosão concentrada principalmente nas zonas de escarpa. Este comportamento é registrado também em outras margens passivas úmidas, e difere de margens passivas sob clima árido, onde zonas de escarpa e planaltos elevados possuem ambos taxas de denudação muito baixas, o que destaca o papel do clima na evolução destas paisagens.

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Publicado

2016-12-20

Como Citar

de Souza, D. H., & Crhistian Hackspacher, P. (2016). CONTROLE DE DENUDAÇÃO NA MARGEM CONTINENTAL DO SUDESTE BRASILEIRO INFERIDO PELA ANALISE DA CONCENTRAÇÃO DE 10Be PRODUZIDO IN SITU EM SEDIMENTOS DE RIO. Holos Environment. Recuperado de https://www.cea-unesp.org.br/holos/article/view/12105

Edição

Seção

IX ENCONTRO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE